Sunday, 18 February 2007

Abertura de espaços comerciais ao Domingo

Como sabemos, em Portugal os hipers têm os seus tempos de abertura limitados ao domingo, apenas podendo abrir até às 13hs. Este entorce ao livre funcionamento do mercado foi instaurado na governação do Eng. Guterres como resposta à pressão exercida pelo pequeno comércio (todas as outras justificações que foram dadas na altura são, como diz o ditado, para atirar areia para os olhos). Segundo uma notícia do Público ("Dois terços dos portugueses concordam com comércio aberto ao domingo à tarde", 18.Fev.2007), foi realizado um inquérito pela Universidade Católica para a Associação Portuguesa de Centros Comerciais onde se conclui que a grande maioria dos portugueses discorda com essa medida (algo que todos nós já sabiamos e sentimos na pele quando vamos ao shopping ao domingo).
O que achei interessante no artigo, foi o elencar das devantagens dos centros comerciais (neste caso os hipers) estarem abertos ao domingo durante todo o dia. Passo a citar:
1. funcionários têm de trabalhar ao domingo à tarde
2. clientes deixam de poder estar com a família nesse período
3. motivos religiosos.

Julgo que em todas as as razões apontadas há um traço comum: não sabemos deixar o mercado funcionar e julgamos que o Estado ou qualquer outra entidade tem autoridade para gerir todo e qualquer ponto da nossa vida, inclusivé a vida social.
Começando pelo ponto 1. Se os funcionários tiverem que trabalhar ao domingo serão pagos para tal. Mais, se eventualmente trabalharem para além do seu horário de trabalho recebem horas extraordinárias. Ao abrirem ao domingo estarão a criar mais postos de trabalho, ainda que poucos. Ou seja, vantagens, não desvantagens. Claro que poderá ter algum impacto ao nível do pequeno comércio mas não será elevado uma vez que, na actual situação. as pessoas que desejem fazer compras apenas as antecipam para de manhã ou para outro dia da semana, isto é, os pequenos comerciantes estão numa posição de indiferença.
Ponto 2. Se os clientes optarem por não estar com a família (o que duvido uma vez que normalmente a família vai toda às compras...), é da sua responsabilidade não devendo o Estado intrometer-se nas suas decisões pessoais. Se por acaso existirem clientes que achem que a sua ida às compras implica perda de tempo com a família, esses clientes podem optar por não ir às compras mas não deverão ter o direito de impôr a sua opção individual aos restantes clientes.
Ponto 3. Bem sei que Portugal é um País católico e que, na boa tradição católica, Deus descansou ao sétimo dia. No entanto, com o número de praticantes a reduzir-se de ano para ano, julgo que este argumento já não terá a validade de outros tempos. Para além disso, os argumento do Ponto 2 também são válidos aqui: se existem clientes que por questões religiosas optam por não trabalhar ou ir às compras ao Domingo, estão no seu direito; só não podem impôr esse direito aos restantes portugueses que não partilham das suas opiniões ou confissão religiosa.
Já agora, em Inglaterra existem hipers que estão abertos 24h/dia. Se algo parecido fosse proposto em Portugal, cairia o "Carmo e a Trindade". Contentar-me-ia com a abolição da limitação actual.

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