«Manuel Lopes Marques, ex-director-geral de exploração e conservação da Refer – Rede Ferroviária Nacional, recebeu em Junho de 2006 uma indemnização de 210 mil euros para sair daquela empresa do Grupo CP – Comboios de Portugal e dois meses depois, em Outubro, ingressou na Rave – Rede Ferroviária de Alta Velocidade.» in Correio da Manhã de 15 Fevereiro
Num país em que caem comboios* geridos pela REFER, passa-se esta situação escandalosa: um director geral rescinde com direito a indemnização de "com 35 anos de trabalho, um mês de vencimento por cada ano de trabalho", o que dá a módica quantia de €6.000 fazendo as contas - para 2 meses depois voltar a ser admitido na empresa com um contrato de 3 anos a €5.050/ mês.
Ficam várias perguntas no ar:
- nos 35 anos de serviço, o individuo ganhou sempre o equivalente a €6.000? Ou está apenas a receber a indemnização correspondente a 4 anos como director-geral?
- as empresas públicas não se regem pelas mesmas regras que se aplicam aos trabalhadores "normais"? ie, toda a carreira contributiva conta?
- por que motivo foi a rescisão por mútuo acordo? eu se fosse trabalhador, concordava, mas a empresa tem obrigação de não concordar: " queres reforma, leva a penalização". Com estes valores não parece ter havido penalização. Se fosse uma empresa cotada e se as leis fossem as dos EUA, um accionista podia processar a empresa por ter negligentemente perdido dinheiro com o acordo com a rescisão.
- se o individuo é reintegrado na mesma empresa-mãe, não perde o direito à indemnização? afinal, a indemnização cobre o quê? os anos não trabalhados até à reforma?
Quanto aos valores em causa, o salário não me parece exagerado, mas a rescisão e a situação em causa numa empresa pública, num país em que caem comboios e pontes no interior**, é um insulto a quem paga impostos e sustenta empresas públicas sistematicamente deficitárias***! Convém privatizar estas empresas deficitárias, até porque se pagassemos para alguém ficar com elas, ainda se ficava a ganhar!!!
* E que maquinões: «O material circulante da Linha do Tua era composto por quatro LVR (Light Veicul Rail) construídos pela EMEF nos anos 90 a partir de automotoras jugoslavas que vieram de Zagreb para Trás-os-Montes na década de 70 para substituir os comboios a vapor. No final da sua vida útil, recolheram às oficinas de Guifões, onde foram alvo de uma profunda transformação.», Público 16-02-2007
** Interior profundo para as gentes de Lisboa, num país que se atravessa em 3 horas (pelo antigo IP4).
*** Não de certeza pelo investimento em em comboios como se vê acima!!
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