


Recentemente fomos a 3 musicais completamente diferentes e com expectativas também diferentes.
Começo pelo da semana passada: Lord of the Rings, the musical. O livro é um épico da luta entre o bem e o mal com seres de raças diferentes e com um imaginário imenso. Os filmes recentes captaram bem esse imaginário e de forma bem saliente marcam qualquer expectativa quanto à versão musical. Mas um musical segue uma estrutura e tem um tipo de encenação particular. Por isso levava em mente os Miseráveis, enquanto épico com batalhas, várias histórias interligadas e momentos musicais marcantes (afinal, um musical tem momentos de música, sempre um pouco exagerados, de arrepiar). E claro, uma história de amor, apontamentos cómicos. O LOTR não teve nada disso: poucos momentos musicais de facto, cantores fraquinhos, maus actores, e foi seca, muito seca... Aliás já todos sabiam como acabava, por isso nem aí havia grande surpresa. As pessoas na plateia nos intervalos (sim, teve 2!!), ainda tentavam resgatar um pouco da encenação: que giro, arranjaram uns actores pequenos para representar os hobbits (e depois?). Na primeira parte julgo que a encenação está boa: a história vai crescendo com a viagem dos hobbits, o shire está interessante pois assistimos a 15 minutos antes do início da peça de jogos e brincadeiras descontraidas no palco, os black knights estão interessantes. O problema é depois: a peça não mostra a grandiosidade das batalhas (e a dimensão do palco não é desculpa, pois o Miss Saigon e os Miseráveis conseguem sempre em palcos pequenos ou grandes maravilhar pelo efeito que as cenas marcantes criam) e precisava bem de mais 20 pessoas em palco (e os actores estão nos bastidores, pois no fim nota-se que são imensos). E claro, uma nota negativa para a colagem ao filme, nos trajes e nos sotaques dos actores, que falta de imaginação. Custa-me dar razão aos críticos, mas é de facto um musical fraquinho, sobretudo depois da adaptação cinematográfica. Um dos livros mais lidos do século passado merecia melhor adaptação. Pelo menos uma catchy tune: we’re going to see the eye, the wicked eye of Mordor!!
O Spamalot foi muito melhor do que esperava. É verdade que poucas piadas eram novas, mas isso deu-lhe alguma graça pois o público começava a rir-se antes da piada acontecer ou com a entrada em cena de algum elemento conhecido. E lá estavam os “cniguetes”, os franceses “taunting” os ingleses a fazer caretas, o “I’m not dead”, “fetchez la vache”, the knights that say ni, o black knight que não reconhece derrota, o killer bunny, as andorinhas europeias e africanas. E elementos novos como o “coming out” do Sir Lancelot, e os momentos musicais típicos de musicais a gozar com “os momentos musicais típicos de musicais”. Tirando o Tobias que vi passar entre os bancos da frente, foi excelente.
On the Town, vulgo
Mas dá que pensar o facto de esta peça ser encenada pela English National Opera... Será que daqui a uns anos uns Les Miz vão ter direito às mesmas honras? E daqui a 100 anos, será que os actuais musicais, um pouco para as massas, um pouco kitsch, serão tratados com a pompa e circunstância com que uma Madama Butterfly ou Aida são tratadas actualmente?
E com um épico termino:
Do you hear the people sing?
Singing a song of angry men?
It is the music of a people
Who will not be slaves again!
When the beating of your heart
Echoes the beating of the drums
There is a life about to start
When tomorrow comes!
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