Há umas semanas atrás, o Ministro da Saúde da ilhota de sua majestade admitiu que seria impossível ao NHS (equivalente aos nosso Serviço Nacional de Saúde) garantir que todos os hospitais tivessem alas específicas para cada sexo. Ao que parece, nos hospitais de cá podemos ficar a convalescer com uma pessoa do sexo oposto (pode ter as suas vantagens, mas eles acham que não). No decorrer das muitas notícias que por cá passaram, fiquei a saber que o Ministro da Saúde é médico (coisa que em Portugal parece que já não acontecia há uns bons anos) cirurgião e que continua a exercer a sua profissão em part-time. Sim é verdade, o senhor dedica-se à causa pública mas mesmo assim ainda encontra tempo para continuar a exercer a sua profissão mesmo que não seja a tempo inteiro. Não julguem que é caso isolado pois o ex-Ministro para a Ciência e Tecnologia, Lord Sainsbury, é o detentor da terceira maior fortuna do UK e principal accionista da cadeia de supermercados Sainsbury's, ou seja, o equivalente ao Eng. Belmiro foi durante uma década (ou algo próximo) Ministro da Ciência e Tecnologia.
Estes são apenas alguns casos isolados e certamente não são a norma (aliás, recentemente um dos MPs conservador foi acusado de pagar aos filhos para serem "researchers" no seu staff enquanto estudantes universitários mas nada se conhece do trabalho que por eles tenha sido realizado e ter a esposa como secretária). No entanto, denota uma mentalidade diferente quanto à forma de olhar para os problemas e de que forma cada um pode contribuir para melhorar o seu país. Ou seja, um verdadeiro sentido patriota e de causa pública. Em Portugal, parece que ser-se patriota é apoiar a selecção nacional de futebol e meter umas bandeiras de Portugal com uns pagodes chineses no lugar das quinas, à janela de nossa casa (ou nos bancos dos carros) e nada mais. Aliás, pelo que consegui acompanhar no processo da Ota, vi muitos "opinion makers" portugueses a criticarem os promotores do estudo sobre Alcochete sobre os eventuais motivos que eventualmente este podessem ter, não percebendo que essa é uma forma de participação na sociedade que deve ser fomentada e que é tão rara em Portugal.
Outra coisa que também tenho notado é que o sistema político Inglês fomenta o contacto entre os eleitores e os eleitos. Por exemplo: se não estou em erro, Jack Straw recebe os seus "constituents" semanalmente para ouvir os problemas que os preocupa; a Ministra da Cultura há uns dias atrás fez referência na Newsnight que convidava os seus constituents a tomarem um chá e a comerem uns chocolate fingers enquanto ouvia os seus problemas. Em Portugal, por muito que me esforce, não me ocorrem nenhuns casos equivalentes. No entanto, lembro-me que Pacheco Pereira, filho do Porto, por Lisboa adoptado, há umas eleições atrás ter sido candidato como cabeça de lista por Aveiro (enquanto cagareu, algo que me custa aceitar) apesar de nada se saber em que é que contribuiu para resolver os problemas da região, ou mesmo de os conhecer; Paulo Portas (e qualquer outro líder do PP) candidatou-se por diversas vezes por Aveiro, apesar de, pelo que se sabe, apenas terá ido a Aveiro na altura da campanha eleitoral. Certamente que casos idênticos também ocorrem nos outros partidos. O que acho impressionante é que, quando se fala em reforma do sistema político português ninguém quer mexer neste status quo e depois admiram-se muito (ou não) quando diversos inquéritos à população portuguesa indicam um maior distanciamento entre eleitores e eleitos. Com casos destes, seria de esperar algo diferente?
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