Saturday, 14 June 2008

Teatro e a minha modesta opinião




Recentemente fomos a uma peça de teatro e a dois musicias. É interessante que dos 3, tinha menos expectativas relativamente ao Chicago e foi o que mais gostei. Muita música, dança, algum humor e um cenário intimista com a orquestra no palco. O Chicago estava originalmente num dos teatros do Strand e agora está num pequeno teatro numa rua secundária na zona do Seven Dials. Acho sempre piada como por cá as fraquezas são sempre encaradas como oportunidades: o teatro não tem zona de orquestra, mas a banda estava no palco e o cenário mantido bastante minimalista o que tornou a experiência muito interessante. Foi um show de dança, mas também música ao vivo. Normalmente quando os pobres músicos estão escondidos, nem nos apercebemos que há uma orquestra ao vivo.

O Marguerite foi mau. Confesso que tinha grandes expectativas por ser um musical da equipa Boublil e Schonberg que criaram os Miseráveis e o Miss Saigon. Para mim todos os musicais se medem em relação ao Les Miz, verdadeiro épico, com músicas memoráveis, personagens inspiradores, momentos de humor. O Marguerite tinha todos os ingredientes para estar ao nível destes: resistência durante a WW2, franceses resistentes e colaboracionistas, uma história de amor entre esses 2 mundos. Mas que desilusão. As músicas eram fraquinhas e os personagens também. Aquela história de amor não convence, é difícil ter pena da Marguerite (coitadinha, teve que se tornar amante do general alemão para sobreviver e depois apaixonou-se pelo jovem francês) e do Armand (o jovem francês é um inútil que passa a ocupação a suspirar pela Marguerite, pondo em risco a família e a resistência). A própria história é fraquinha com os franceses colaboracionistas gerando muito pouca empatia (os pais adoptivos da Cosette são divertidos, o patrão da Miss Saigon é um oportunista também com piada). As deportações e a resistência são tratadas como apartes com pouca importância. Que desperdício. Comparado com este musical, o lord of the rings é bem melhor e foi completamente arrasado na crítica. Até algumas das "chachadas" do Lloyd Weber são melhores.

The Lover & The Collection são duas peças do Harold Pinter. Foi sobretudo com curiosidade que fomos ver esta peça. Já é habitual haver peças do Harold Pinter em Londres (o Nobel deve ter ajudado!!). Confesso que gostei sobretudo pelas nuances e pelos actores. Ando a ler algumas das suas peças e estou com dificuldade em vizualizar a história e em perceber o seu interesse. Na introdução do livro, está uma entrevista do autor em que este confessa que começa as suas peças vizualizando um quarto e pessoas lá dentro, por exemplo um quarto com um homem sentado e um homem de pé e assim começa o seu processo criativo. Felizmente o encenador destas peças concretizou parte desse processo de vizualização. E o actores fizeram o resto. Não será necessariamente uma peça comercial, mas está ainda muito longe da suposta intelectualidade* de algumas peças não-comerciais que vimos em Portugal. Felizmente!!


* o momento alto para nós foi numa das peças que vimos no Teatro S. João quando alguém disse: "o menino maravilha vai dizer um poema" e aparece um tipo com fraldas e após um silêncio demorado grita "roooooooooxo". Por causa dessa peça, em que metade das pessoas desapareceu no intervalo, passamos a ir bem menos vezes ao teatro.

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