Saturday, 17 March 2007

A propósito de um passeio pelo Hyde Park




Na semana passada fomos dar um passeio guiado pelo Hyde Park organizado pela fundação Royal Parks e ficámos a saber uns quantos faits-divers do que são os ingleses:

- o portão do Hyde Park Corner era para ser em bronze quando o mandaram construir, mas o bronze ficava 4x mais caro do que o ferro, por isso fizeram-no em ferro e pintaram de verde para imitar o bronze! No poupar é que está o ganho!

- o Queen Mother's Gates com o unicórnio e o leão , inaugurado em 1993, foi construido com donativos. Este é mais um exemplo de uma sociedade civil activa. Estes marretas ao ouvirem isto, pensaram logo que nunca pagariam para fazer uma homenagem a um monarca... mas tirando o absurdo amor à família real que existe aqui em Inglaterra (que dada a geração pós-Isabel II, não consigo compreender), o facto de obras deste tipo dependerem das pessoas e não do Estado mostra bem o quão diferente Portugal é de Inglaterra.

- o passeio que fizemos foi gratuito, feito por um dos individuos do sector educativo dos Royal Parks. Os RP dependem sobretudo de trabalho de voluntários que ajudam nas visitas das escolas, na recolha de dados sobre os parques, etc. Quem visita qualquer RP têm a noção do excelente trabalho que é feito na manutenção e conservação e aprecia o poder de uma associação sem fins lucrativos dependente de voluntários - em Portugal, eu esperaria que fosse o Estado a tratar dos parques e acredito que o resultado final não fosse tão consistente.

Não estou a escrever uma tese sobre "os ingleses", mas ao fim de algum tempo aqui começo a procurar regularidades e acho (mas posso estar errada nas minhas extrapolações) que estes exemplos espelham um pouco da mentalidade inglesa: o não esbanjamento (de novo o paradoxo da existência da família real sustentada em parte pelo orçamento de estado) quando uma alternativa mais económica existe e a participação alargada da sociedade civil. Julgo que o 1º ponto está presente nos aeroportos de Londres: só agora alargaram Heathrow (terminal 5) e quem já visitou o terminal 2 (de onde voa a Tap para Portugal) sabe que parece ter parado no tempo, Stansted e Luton são barracões (Stansted a + de 50 kms de Londres), Gatwick parece sempre apinhado... e nem por isso se fala em construir um aeroporto novo (sim, claro que estou a falar da OTA). O 2º ponto vê claramente na forma como se angaria dinheiro para caridade: quando alguém por exemplo participa numa maratona ou corrida é patrocinado por amigos e conhecidos, angariando dinheiro para a causa.

PS: Curiosidade: a última foto é da Apsley House (traseiras) que é simplesmente o nº1, Londres.

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