Tuesday, 13 March 2007

OPA Sonae sobre a PT

Apesar deste tema não ser novo e o desfecho já ter ocorrido há duas semanas, não tenho tido tempo nem paciência para comentar a forma como decorreu a OPA nem a forma como esta terminou. No entanto, enquanto estava a ler a secção Charlemagne do Economist desta semana sobre a Europa e o que a Comissão tem feito para aumentar a concorrência dentro do espaço europeu, deparei-me com uma frase que me relembrou OPA da Sonae sobre a PT. Cá vai:

The commission has given up its long-running attempt to scrap the use of poison pills and other barriers to takeovers—a victory of managers over shareholders.

No pós OPA ouviram-se imensos comentários, principalmente dos comentadores do costume (vulgo Marcelo Rebelo de Sousa e António Vitorino) em como o desfecho da operação tinha sido uma victória do mercado. As opiniões destes comentadores passariam despercebidas e não mereciam nenhum reparo da minha parte caso a sua audiência fosse reduzida. No entanto, tendo em conta que se tratam de opinion makers, as suas opiniões têm grande impacto na opinião pública. Toda a gente sabia que a OPA não tinha ido até ao mercado mas tinha ficado pela secretaria, em que uma pequena percentagem dos accionistas ditou a sua vontade aos restantes accionistas, protegendo a gestão actualmente em funções e os interesses desse pequeno grupo de accionistas. Mas estes comentadores, certamente incultos nesta matéria e peritos em barbaridades, vêm tentar convencer-nos de que tudo decorreu como deveria ter decorrido e que todos os interesses foram ouvidos.
Como o artigo do Economist relembra (e artigos científicos o comprovam), mecanismos de defesa como aqueles que foram aplicados na PT têm apenas como principal objectivo defender uma gestão ineficiente à custa do valor dos accionistas. E assim se protegem mais uns quantos interesses em Portugal.
Só mais uma nota: a Autoridade para a Concorrência demorou quase um ano a dar o seu parecer. Para qualquer mercado funcionar como deve ser, não se admitem estes tipos de atrasos. Mas lá está, é o espelho da "produtividade" portuguesa: baixa a todos os níveis.

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