Gostei particularmente do início da notícia onde dizem que os cidadãos que dinamizaram esta iniciativa eram do Norte, o que denota, já por si, um enviezamento da notícia (que eu saiba esses cidadãos antes de "serem do Norte" são Portugueses, mas vá lá, para o intuito da notícia definir a região de origem desses cidadãos parece ser de extrema importância). Mas mais interessante ainda foi ler os comentários dos leitores do Público online, com um claro ataque (esse sim bairrista) aos promotores desta iniciativa. Interessante que, quando há uns meses de discutiu o aeroporto de Lisboa, a maioria dos portugueses, segundo sondagens que valem o que valem (que é o mesmo que dizer nada), mostravam-se contra o aeroporto. Para além disso, podemos também concluir que para as pessoas que comentaram a notícia, a democracia apenas deve ser exercida todos os 4 anos (ou menos caso sejam convocadas eleições antecipadas), sendo que no interregno, os portugeses têm que comer e calar com o que os nossos governantes acharem que devem fazer (bem ou mal).
Ficamos também a saber que referendos apenas se devem realizar para penalisar/despenalisar a interrupção voluntária do aborto. Acho que a nossa constituição está mal: na próxima revisão, nos artigos que se referem aos referendos dever-se-á incluir a frase "Referendos só para a IVG, caso contrário, não vale a pena sequer colocarem a questão, principalmente se os promotores forem do Norte, região essa que é mais galega que portuguesa" como se pode ler em um dos comentários.
No entanto, e para enquadrar esta questão, gostava de colocar aqui partes de notícias que têm sido publicadas no The Economist sobre os investimentos nas áreas ferroviária e da aviação no Reino Unido:
But it was not all good news for train-spotters. Grand plans for European-style double-decker trains were rejected as impractical, as were schemes for a high-speed rail route (run, in the wildest of dreams, on magnetic-levitation technology) connecting London to the north. A decision on Crossrail—a railway across London—was delayed once again. (link para artigo).
Although the Heathrow experience has never been particularly good, mainly because the airport crams 67m passengers a year through facilities designed for 45m, the crescendo of complaints suggests that it is going from bad to worse. That may not be right: security queues (which are meant to last no more than ten minutes at least 95% of the time) jumped in August of last year after the government tightened security in response to an alleged plot to blow up passenger jets over the Atlantic. They have fallen since then, the Civil Aviation Authority (CAA) maintains, as staff have been added and extra security lanes opened. Terminal 3, the worst offender, now meets its target 94% of the time, from 78% in January—though some travellers will find this hard to believe. (link para artigo)
Como podemos ver, num país bem mais rico que Portugal, também têm problemas nas infraestruturas mas os dirigentes, responsáveis, não colocam sequer as hipóteses de construir um novo aeroporto ou uma linha de alta velocidade. Mas claro que em Portugal nada disso importa. O que importa é deixar obra feita, nem que para isso se endivide um país inteiro e gerações futuras. E ai de quem for contra: esses não percebem nada de democracia, não têm visão, são bairristas, são parolos e mais, são galegos.
Triste país o nosso.
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